Certa vez, uma criança resolveu
partir numa jornada ao topo de uma longínqua montanha. Lá, havia uma luz
brilhante. Todas as pessoas que conhecia havia partido para buscá-la. E nunca
voltavam. A criança tinha medo, mas ficar onde estava não era uma opção. Uma
lenda dizia que se não fosse, morreria. Ela partiu. No caminho, encontrou os
rastros coloridos de algumas pessoas. Outros, subitamente sumiam no ar. Também
havia construções: pontes, trampolins, escadas, contudo, nada que a coubesse.
Decidiu usar o que já tinha visto como referência e foi construindo suas
próprias pontes a cada abismo que encontrava. Fazia uns ajustes aqui, outros
ali. Fez alguns maiores para facilitar a jornada dos outros que viriam depois
dela. Até que um dia chegou à luz. Para sua surpresa, já estava bastante velha.
E a luz, nada mais era que uma rede "preguiçosa" com uma inscrição
bem grande em cima: DESCANSE EM
PAZ. A única coisa que precisava para deitar naquele trono
glorioso era mostrar o seu rastro. Grande foi a sua surpresa quando descobriu
que não tinha construído o seu. Na verdade, adormecera e fora carregada por
alguns outros "bondosos". Ah, se eles soubessem... Teriam acordado-a.
Tudo o que viu e construiu não passava de sonhos. Só lhe restou deitar no chão
e lamentar-se até apagar...
Na aula de Ciência Política, alguém quis saber porque os
filósofos gregos buscavam tanto um fim último para a nossa existência? Ora,
apenas existimos. Conjecturou-se.
Preocupado com a possibilidade de instalar uma crise
existencial em seus alunos, o professor aconselhou: é importante que vocês
tenham um projeto de vida.
Na outra aula descobrimos que o fim último de nossa
existência, para os cabeções da Grécia Antiga, era a felicidade.
A questão do "projeto de vida" já é algo que
preocupa até o Estado. Há oficinas disso.
Por outro lado, há quem argumente que nossas crianças são
educadas para o sucesso na academia, no trabalho, mas não para a felicidade.
Também concordo. O ensino nas escolas, faculdades, cursos profissionalizantes
são cumulativos e extremamente tecnicistas (essa é só uma deixa para defender o
ensino de Ciências Sociais e Filosofia nas escolas. rss).
Até parece que ter uma
carreira e acumular riquezas seja o ideal de felicidade para todo o mundo.
É o
que o capitalismo prega, não é? Mas não vou mexer nesse vespeiro no momento.
Não sou nenhum hippie bonachão. Eu sei que o dinheiro é
importante. Principalmente para quem vive em grandes cidades, dedicando-se a
uma infinidades de tarefas e modos de vida que nos impediria de plantar a
própria comida ou costurar folhinhas de parreira.
Contudo, a lógica da eficiência científica não toca por
igual todos os "corações".
Aliás, pressinto que toca cada vez menos.
Estaríamos caminhando para um estado anômico globalizado?
Suponho que precisemos aceitar (e buscar) outros modos de
vida possíveis.
Essa busca da felicidade, da ética, do bem viver, realizada pela filosofia, estudada pelas Ciências Sociais, talvez se reatualizem.
Os pais não o fazem mais. A família, a igreja, num estado
secularizado não são mais referência de tradição. Vivemos uma crise de
sentidos.
A indústria farmacêutica não dará conta de tantos
depressivos e desnorteados.
No meu modo otimista de ser, acredito nas curvas da
humanidade diante do despenhadeiro.
Por mais que a busca pela felicidade e pelo bem sejam
subjetivos, creio que pluralizar os caminhos aumentam as oportunidades de os
alcançar.
Falando nisso, a história, a física quântica, nossa vida
particular, mostram que a pluralidade de caminhos e possibilidades é o que mais
há.
Contudo, igualmente mostram que somente o escolhido é o que
existe.
Por mais que você não tenha escolhido nascer, é fruto da
decisão de duas pessoas que resolveram transar. Ponto final.
Logo, é importante sim que tenhamos isso em mente.
Precisamos ir construindo nossos castelos, finalizando projetos.
Não precisa ser algo na lógica capitalista. Dentro do
"sistema". rs
Construir "qualquer coisa" não impede que, lá
frente, decidamos construir "alguma coisa" mais substancial.
O que parece meio óbvio (tenho medo dessa palavra) é que uma
vida só de sonhos e projetos inacabados não será mais do que isso: quereres
nunca realizados.
Putz..super conveniente.
ResponderExcluirContinuas escrevendo tuas ideias, Mau, são boas reflexões...
Parabéns!
Obrigado pelo incentivo queridíssima!
ResponderExcluirReceber um elogio de uma artista talentosa e poderosa como você é de deixar o ego oh: fica deste tamanhão! rss
Um bjo!